domingo, 27 de maio de 2012

The Story of You and Me 12/22

Resumo: Um inesperado visitante do passado leva Chloe e Oliver para um futuro não tão distante onde eles experimentam uma vida que nunca imaginaram. Mas o verdadeiro desafio é manter o foco sem perder de vista sua própria realidade.
Classificação: NC-17
Aviso: Segue os acontecimentos até Hex e depois seguimos do nosso jeito.



12/22

Hal deu um risinho e desviou o olhar para o outro lado da sala enquanto dava risada e se dirigia à sua namorada. “Eu disse que deveríamos ter chegado mais cedo. Toda vez que deixamos eles sozinhos é isso que acontece”, ele disse suspirando de bom humor.


Chloe piscou ao som de outra voz na sala, acordando-a de seu transe. Seus olhos arregalaram quase comicamente ao estado desvestido deles antes de ficar completamente vermelha, incerta do que fazer quando olhou novamente para Oliver. Ela abriu e fechou a boca, tentando encontrar as palavras certas, mas nada veio. Ela abriu a boca mais uma vez, mas o que quer que fosse dizer foi cortado por Hal.

“Esta é a parte em que você arruma a roupa e vamos patrulhar, cara... vamos, não estou ouvindo nenhum de vocês se mover”, ele disse olhando para Tess e revirando os olhos.

Tess balançou a cabeça. “Você tem razão”, ela concordou, tentando não dar risada enquanto se virava do casal para olhar para Hal. “Era de se imaginar que depois de serem constantemente interrompidos, eles tivessem aprendido a pelo menos ir lá pra cima para o quarto que tem uma porta”, ela brincou.

Oliver não estava achando graça. O olhar horrorizado no rosto de Chloe lhe dizia o que ele precisava saber. Ele engoliu em seco enquanto tentava imaginar como deveriam agir agora. Hal e Tess não pareciam que iam se virar e ir embora então sabia que não tinha opção. Tirou as mãos debaixo da saia de Chloe e tentou descê-la o melhor que pôde com ela ainda em seu colo. Ele queria perguntar se ela estava bem, mas ela parecia muito chocada pra se mover, então ele fechou a blusa dela, esperando que ela despertasse do choque enquanto ele tentava fechar a calça.

Ele sabia que precisava dizer alguma coisa porque seu futuro eu provavelmente faria uma piada sobre esse tipo de coisa, já que aparentemente isso acontecia com frequência, mas Oliver não conseguia se concentrar em nada além de Chloe. Aquela voz em sua cabeça estava mais alta agora o relembrando que tinha lhe avisado pra parar, mas ele tinha se recusado a ouvir. Oliver não fazia ideia do que isso ia causar ao seu relacionamento com Chloe em qualquer dos dois universos. Ele engoliu em seco e se forçou a olhar para seus amigos. Os dois tinham se virado mas ele podia ver Hal batendo o pé impacientemente.

“Você não pode nos apressar depois de ter arruinado nossa noite.” Oliver finalmente conseguiu fazer as palavras saírem de sua boca, mas seu tom era completamente errado. Seu olhar voltou para Chloe e ele queria garantir a ela que tudo ficaria bem, mas não fazia ideia se qualquer coisa ficaria bem depois disso.
Quando ela sentiu ele fechando sua blusa, Chloe acordou de seu estupor. Ela ignorou as palavras que ele disse a Tess e Hal enquanto mantinha o olhar, incerta do que dizer pra ele. Chloe estava completamente envergonhada por seu comportamento. Ela tinha mais ou menos o encorajado a isso e não podia imaginar o que Oliver estava pensando dela. Sem contar o fato de que ele tinha embarcado junto, talvez tivesse feito isso porque não quisesse deixar as coisas embaraçosas entre eles, mas agora, ela não podia ter certeza.

Chloe se empurrou do colo dele e se levantou sobre pernas trêmulas enquanto abaixava a saia, olhos nunca deixando os dele. Queria se desculpar, perguntar se ele estava bravo, mas sabia que não podia fazer isso. Não com Tess e Hal ali. Ela estendeu uma mão hesitante para ajudá-lo a se levantar do sofá, desejando que ele aceitasse e não a empurrasse apesar do erro que ela tinha cometido por não ter parado antes.

Oliver não hesitou e pegou a mão dela enquanto se levantava, apertando-a, desejando que isso mostrasse o que ele queria dizer com o simples gesto. Claro, ele não fazia ideia do que queria dizer porque não sabia como explicar o que tinha acontecido. Ele não podia negar que seus sentimentos por ela tinham começado a mudar nos últimos dias, mas talvez os sentimentos dela por ele não tivessem mudado e ela simplesmente tivesse sido pega pelas circunstâncias. Sabia que não iam resolver isso enquanto Hal e Tess estivessem na sala e a última coisa que ele queria era deixá-la quando as coisas estavam tão incertas entre eles.

“Se vocês não se importam, Chloe e eu precisamos de um minuto”, ele disse enquanto puxava Chloe na direção das escadas. Oliver imaginou que mesmo uma conversa corrida era melhor do que nenhuma e talvez se pudesse ficar sozinho com ela por alguns minutos, pudesse descobrir se havia alguma chance de ela estar na mesma página que ele.

“Eu acho que não”, Tess disse. Ela cruzou os braços sobre o peito enquanto se virava pra eles. “Diferente de vocês dois, aprendemos com as lições anteriores e não vamos cair nessa de novo. Na última vez vocês demoraram uma hora. Você e Hal precisam ir patrulhar e quando vocês terminarem, você e Chloe podem fazer o que quiserem.”

Chloe parou e se virou pra olhar para os dois antes de olhar de novo para Oliver e soltar sua mão. “Tudo bem”, ela disse, embora ainda estivesse em pânico. Oliver provavelmente queria dizer a ela que o que tinha acontecido era um erro e ela meio que precisava organizar suas ideias de qualquer jeito. “Conversamos depois”, ela disse a ele, mandando-lhe um meio sorriso antes de se virar para os computadores e ir retomar seu trabalho.

Chloe precisava descobrir o que estava se passando em sua cabeça e o que queria dizer a Oliver antes de conversarem. Talvez ele ir patrulhar fosse uma boa ideia. Isso daria aos dois o espaço que precisavam. Ela olhou para Hal e Tess, finalmente vendo o pequeno sorriso que mandavam em sua direção. “Ei, pessoal”, ela disse baixinho antes de ir para o computador.

Hal ergueu uma sobrancelha para Tess antes de olhar de volta para Chloe, levemente confuso. “Oi”, disse antes de olhar para Oliver e perceber o olhar estranho no rosto de seu amigo. “Você está pronto pra se vestir e sair?” perguntou enquanto dava alguns passos na direção do amigo.

“Sim”, Oliver disse. Ele tentou ignorar o jeito que seu peito apertou quando Chloe se afastou. Aparentemente ele estava certo e quando ela recuperasse o senso, perceberia que não queria nada com ele. Por que ela iria querer? Seu futuro eu pode ter tido sorte bastante pra conseguir a garota, mas ele certamente não merecia depois do que tinha feito. “Vou pegar meu uniforme reserva lá em cima e te encontro lá fora”, ele disse a Hal antes de olhar para Chloe uma última vez e então ir para as escadas.

Tess ergueu uma sobrancelha para Hal, tentando ver se ele sabia o que estava acontecendo com Oliver e Chloe, mas ele parecia tão confuso quanto ela. “Cuidado lá fora”, ela disse, dando um beijo em seus lábios antes de ir se juntar a Chloe no terminal. Ela parecia muito tensa e Tess estava ansiosa para que os rapazes saíssem pra tentar descobrir o que estava errado.

Oliver desceu alguns minutos depois, óculos na mão e puxando o capuz. Ele queria dar um beijo de despedida em Chloe, mas achou que ela não ia querer nada com ele depois do que tinha acontecido antes. Ao invés, ele acenou e se juntou a Hal na porta. “Te vejo em casa. Tchau, Tess”, ele acrescentou, colocando os óculos e saindo com Hal logo atrás dele.

“Tchau”, Tess murmurou, mais confusa ainda. Ela esperou até as portas se fecharem e se virou para Chloe. “O que está acontecendo?” ela perguntou.

Chloe ficou tensa e tentou se concentrar nas palavras de Tess e não no fato de Oliver ter saído sem nem se despedir dela. Ela deveria estar certa, tinha forçado muito as coisas com ele e agora ele ia querer distância. O pensamento fez seu peito apertar. Ele era a única pessoa que ela tinha neste futuro e tinha arruinado tudo por não ter conseguido manter os desejos sob controle.

Ela percebeu que Tess estava esperando por uma resposta e quando olhou para a ruiva, a expressão no rosto dela deixou Chloe desconfortável. “Nada”, ela disse antes de se virar para os monitores. “Então, o que foi, você precisava de alguma coisa?” ela perguntou, sem saber ao certo porque Tess estava ali.

“Sim, eu preciso que você me diga o que está acontecendo”, Tess respondeu. “Você e Oliver vêm agindo estranho há um tempo e continuam dizendo que não está acontecendo nada, mas você acabou de deixá-lo sair daqui sem nem um aceno, e sem dizer o quanto o ama, que é o que você faz a cada cinco segundos depois que ele voltou. Não que eu esteja te culpando por isso”, acrescentou rapidamente. Hal tinha escapado ileso e ela ainda ficava nervosa quando era hora dele sair para patrulhar.

“E desde quando eu preciso de uma razão pra estar aqui?” ela perguntou. “Há quanto tempo trabalhamos juntas, Chloe? Por favor me diz o que está acontecendo”, ela disse, um raro tom de súplica em sua voz. “Se tem alguma coisa errada, eu posso te ajudar.”

Chloe parou, incerta do que fazer ao pedido na voz da outra mulher. Lá estava de novo a súplica, primeiro Lois, agora Tess. Precisava descobrir o que tinha acontecido. Ela apertou os lábios e se virou para Tess. “Desculpe, você está certa, você não precisa de uma razão para estar aqui”, ela disse baixinho antes de um pensamento lhe ocorrer. Talvez pudesse descobrir um pouco mais sobre o que tinha acontecido.

“As coisas andam tensas ultimamente”, ela disse, tentando levar a conversa na direção que queria. “Eu acho que minha mente anda voltando ao que aconteceu, parece que nem faz tanto tempo”, ela disse, observando o rosto de Tess. “Eu sei que não falo muito sobre isso, mas talvez eu devesse. Deve ter sido difícil pra você também”, ela disse, deduzindo que se Tess era amiga de Oliver, então o que quer que tivesse acontecido com ele deveria tê-la afetado também.

A expressão de Tess se suavizou. “Foi difícil pra todos nós, Chloe, mas isso não se compara a como deve ter sido pra você. Oliver é seu marido.” Ela ficou surpresa ao ouvir Chloe falando do incidente, Tess sabia que Lois achava que Chloe estava tendo alguma reação do tipo stress pós-traumático e que era por isso que ela vinha agindo tão estranho. Talvez ela estivesse certa. Tess mordeu o lábio inferior enquanto se debatia se devia ou não entrar no assunto que vinham cuidadosamente evitando. Ela deduziu que se Chloe queria conversar sobre isso, ela lhe devia ao menos uma tentativa de ajuda.

“Hal ainda se culpa e eu tenho certeza que você percebeu isso já que ele anda tão determinado em ir junto nas patrulhas”, Tess disse. Ela se recostou contra o terminal, observando Chloe enquanto falava pra ver se a outra mulher não estava ficando triste. “Eu acho que ele sabe que não foi culpa dele, mas ele acha que se tivesse ido patrulhar com Oliver naquela noite, o teria impedido. Acho que pra ele é difícil compreender a facilidade com que Oliver se sacrificou. Eu entendo, Oliver é o melhor amigo dele e ele não entende porque ele se dispôs a ser torturado daquele jeito. Embora eu saiba que Hal fosse fazer o mesmo se estivesse na posição dele.” Ela estendeu a mão, colocando-a sobre a de Chloe e apertando com força. “Eu espero que você não esteja mais se culpando.”

O peito de Chloe apertou às palavras de Tess, uma sensação desagradável em seu estômago. Oliver tinha sido torturado. Ela estava tentando manter a respiração sob controle enquanto olhava para a outra mulher. “Eu me culpo”, ela disse, sua voz apressada e ela desejou que as palavras não soassem como uma pergunta a Tess como pareceu pra ela. Ela estava tentando confirmar o que a outra mulher tinha dito, mas não sabia se estava fazendo um bom trabalho. O que quer que tenha acontecido a Oliver tinha sido culpa sua. Seu coração doía, embora soubesse que ele estava bem no futuro. Ainda não era suficiente. Ela precisava de mais informação.

“Eu imaginei”, Tess disse. Ela suspirou e apertou a mão de Chloe de novo. “Chloe, nenhum de nós sabia que ele tinha escapado da instituição psiquiátrica até que fosse tarde demais. Ninguém esperava que você ficasse de olho em cada bandido que Oliver enfrentou só para o caso de eles decidirem se vingar. Se passarmos todo nosso tempo fazendo isso, nunca conseguiríamos pegar os novos bandidos que transformam nossas vidas num inferno. E não é culpa sua que ele tenha te usado contra Oliver. O que importa é que trouxemos ele de volta e graças aos Lanternas, não temos mais que nos preocupar com aquele psicopata”, ela a relembrou.

Um arrepio correu a espinha de Chloe e um nó se formou em seu estômago. Alguém tinha escapado de uma instituição psiquiátrica e tinha ferido Oliver por causa dela, ou talvez... seus pensamentos foram interrompidos enquanto engolia em seco e olhava para Tess. “Ele me pegou”, ela declarou com hesitação, juntando as palavras sobre Oliver ter se sacrificado e se deixado torturar... tudo por causa dela. Ela se sentia enjoada, como se não houvesse ar suficiente em seus pulmões. Oliver a amava tanto no futuro que preferia ser ferido a deixar que a ferissem.

Ela precisava pesquisar todos os criminosos que tinham jogado numa instituição psiquiátrica ou que tivessem um histórico com Oliver. Seu coração estava acelerado e quando finalmente olhou pra cima, pôde ver a preocupação no rosto de Tess. Ela deu a outra mulher um sorriso desconfortável, não acostumada a estar vulnerável na frente de estranhos. Embora Tess supostamente fosse sua amiga nesta realidade, era difícil conciliar isso com sua própria realidade. “Parece que foi ontem e não—“ Sua garganta fechou e esperou que Tess completasse a informação.

“Faz só dois meses, Chloe. Ninguém espera que você supere num piscar de olhos”, Tess disse. Seus olhos foram para a tela do computador, observando dois pontos verdes que representavam Oliver e Hal enquanto patrulhavam o centro de Metrópolis. “Você sabe como Hal tentou alcançar Oliver e dizer que você estava em segurança depois que Clark encontrou você e Lois, mas já era tarde.” Ela suspirou, seu peito apertando ao se lembrar do olhar no rosto de Hal quando voltou para a Watchtower pra dizer a eles que Oliver tinha ido. Ela franziu a testa quando viu o pânico no rosto de Chloe.

“Ok, isso não foi uma boa ideia”, Tess disse. Ela apontou para a tela. “Oliver está bem, Chloe. Temos ele de volta por sua causa”, ela a relembrou. Embora Chloe estivesse devastada, ela tinha conseguido descobrir onde Oliver estava sendo mantido e mandou o time inteiro resgatá-lo. Mas Tess sabia que ela se culpava por não ter descoberto tudo muito mais cedo.

Chloe estava tentando digerir a informação, mas não conseguia controlar a respiração. “Eu só, eu preciso de um minuto”, ela disse, tentando um sorriso enquanto se afastava de Tess e do computador principal, indo para o banheiro, abrindo a porta e fechando-a em seguida. Ela se certificou de trancá-la antes de se virar e agarrar a pia, inclinando-se e respirando fundo algumas vezes.

Não havia muitas pessoas no mundo com quem ela podia contar ultimamente. Chloe sabia que vinha afastando as pessoas, mas Oliver tentou se aproximar em sua época depois de ela ter dito que queria ser Watchtower em tempo integral. E aparentemente no futuro eles tinham ficado tão próximos que começaram um relacionamento no qual ele se importava muito com ela, a ponto de arriscar sua vida para salvá-la. 

Chloe sabia que havia mais nessa história e ia encontrar um jeito de descobrir. Mas no momento, tudo que ela conseguia pensar era como tinha conseguido ferir todo mundo com quem se importava. Ela pode não ter amado Jimmy, mas a vida dele era uma bagunça agora e ela se culpava por isso. E agora Oliver, alguém que ela aparentemente amava mais que tudo, e ela tinha conseguido com que ele fosse torturado. Seu peito apertou ainda mais e ela engoliu pesadamente e abriu a torneira, jogando um pouco de água no rosto.

Ela fechou a água e enxugou o rosto antes de olhar para o espelho. Parecia pálida e não sabia se era por causa das novidades, do stress do dia ou pelo fato de não conseguir decidir se deveria manter distância de Oliver pra que tudo isso não acontecesse no futuro ou se entregar ao desejo que lhe dizia que ela tinha sentimentos por ele e que tinha medo de admitir. Chloe suspirou e balançou a cabeça. Por que as coisas tinham que ser sempre tão difíceis?

Tess não sabia o que fazer. Chloe obviamente estava sofrendo com isso mais do que tinham imaginado. Mas ainda assim não explicava por que as coisas pareciam forçadas entre ela e Oliver. Eles estavam juntos muito antes de Tess se tornar parte de seu círculo íntimo e ela tinha assistido o relacionamento ficar mais forte com o passar dos anos. O sequestro tinha sido brutal, mas só tinha servido para torná-los inseparáveis. Então o que tinha acontecido na última semana que os estava separando? Lois ainda acreditava na teoria da gravidez e ela estava convencida que Chloe estava revivendo tudo por causa do desequilíbrio emocional. Mais uma vez, Tess se perguntou se ela estava certa.

Ela foi até o banheiro e bateu levemente na porta. “Chloe, você quer que eu chame o Oliver?” ela perguntou. Tess sabia que não havia nada que pudesse fazer para ajudá-la então talvez ela só precisasse de um tempo sozinha com o marido. Normalmente ele era a única pessoa que conseguia fazê-la se sentir melhor e vice-versa.

Chloe respirou fundo e balançou a cabeça, embora Tess não pudesse ver. “Não, eu estou bem, eu só preciso de um minuto”, ela disse enquanto se acalmava o máximo que podia, tentando deixar o tremor longe de sua voz. Não havia razão pra ela surtar. Esse talvez não fosse o futuro dela e Oliver. Brainiac disse que existiam diferentes versões das coisas, então por que ela estava surtando tanto? A resposta a atingiu como uma tonelada de tijolos. Era porque ela queria que este fosse seu futuro. Ela queria esta amizade e esta vida... e Oliver. Ela queria tudo.

Sua garganta ficou seca enquanto tentava acalmar a ansiedade que aumentava. “Você pode ficar de olho nos monitores pra mim?” ela perguntou e se sentou no vaso fechado e respirou fundo algumas vezes. Deduziu que não era normal para sua versão do futuro pedir que Tess fizesse isso mesmo estando trabalhando juntas há algum tempo.

“Eu posso fazer isso”, Tess disse. Ela hesitou por um momento, querendo perguntar a Chloe se ela tinha certeza, mas decidiu não forçar. Já se sentia mal o suficiente por ter trazido esse assunto e não queria fazê-la se sentir ainda pior. Tess sabia que Oliver cuidaria dela quando voltasse. Não tinha dúvida que era tudo que Chloe realmente queria.
_________

Oliver estava parado no telhado do apartamento vigiando as ruas. Parecia uma noite calma, o que era uma coisa boa já que sua cabeça não estava ali. Ele não conseguia parar de pensar em Chloe e no que quase tinha acontecido entre eles. Ele não fazia ideia do que iam fazer de agora em diante ou até onde Chloe queria que as coisas fossem. Ele vinha pensando na reação dela a noite toda e ainda não sabia se ela tinha ficado envergonhada porque Hal e Tess os pegaram ou se era por tê-lo deixado tocá-la. Oliver esperava que fosse a última e não ficaria surpreso se fosse esse o caso. Eles estavam só fingindo ser um casal feliz e provavelmente Chloe mal podia esperar que tudo isso acabasse.

O peito dele apertou a isso. Embora estivesse tentando ignorar a voz em sua cabeça, Oliver sabia que seus sentimentos por Chloe ficavam mais fortes a cada dia e agora que sabia como era beijá-la de verdade e tê-la em seus braços e sentir sua pele nua, Oliver não sabia se poderia jamais voltar ao que eram antes.

Ele sempre ia querer mais dela e sabia que se ela não sentisse o mesmo, não havia nada que ele pudesse fazer pra ela mudar de ideia. Ele ouviu um som atrás dele e se virou para ver Hal pousando no telhado. Ele já tinha perguntado três vezes distintas o que estava passando em sua cabeça e Oliver não fazia ideia do que responder. Não era como se pudesse explicar as coisas. “Ei, como foi com o assaltante?” ele perguntou.
Hal franziu a testa e deu a Oliver um curto aceno de cabeça. “Foi tudo bem. Peguei o cara, levei pra polícia”, ele disse casualmente enquanto estudava seu amigo. Ele não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas sabia que tinha alguma coisa errada. Tinha esperado até eles estarem sozinhos na patrulha e perguntou ao seu amigo três vezes diferentes se ele estava bem e o que estava acontecendo e todas as vezes Oliver tinha praticamente ignorado sua pergunta ou mudado de assunto, mas ele estava cansado de deixar seu amigo se esquivar.

“Pronto, chega”, ele disse enquanto voava até o telhado e pousava na frente de Oliver, braços cruzados sobre o peito. “Já chega. A patrulha praticamente já terminou, as coisas estão devagar, então não há necessidade de outro round, e mais, nós dois sabemos que Clark vai passar por aqui mais tarde”, ele disse ao amigo. “Eu quero saber o que está acontecendo entre vocês e por que você e a Chloe estão tão estranhos ultimamente. Não é normal você sair pra patrulhar sem se despedir dela”, ele disse, mesmo sentindo-se culpado por trazer o assunto.

“Todos nós conhecemos as regras de vocês, não ir pra cama, não sair pra patrulhar ou pra uma viagem de negócios com raiva um do outro e todos nós sabemos por que vocês têm essas regras, o que é completamente compreensível”, ele disse baixinho. “Mas você tem que conversar comigo, cara, está tudo bem com você e a Chloe?” ele perguntou, preocupação marcando sua testa.

Oliver estava agradecido que ainda estivesse com os óculos, assim Hal não podia ver seus olhos arregalarem com a implicação de que havia um problema entre ele e Chloe. Havia, mas não tinha nada a ver com o Oliver e a Chloe a que ele se referia. “As coisas só andam um pouco agitadas nos últimos dias”, ele disse cuidadosamente enquanto esperava que seu amigo lhe desse mais detalhes pra continuar.

Ele tinha tantas perguntas sobre seu relacionamento com Chloe, mas considerando que ele deveria ser o expert, não podia perguntar nada a Hal. Mas podia tentar levar a conversa na direção que ele queria. Talvez conseguisse fazer Hal falar, talvez pudesse descobrir como tinham acabado juntos.

“Vamos, cara. Você deveria saber que Chloe e eu não brigamos. Você lembra o que estávamos tentando fazer quando você e Tess entraram, certo?” ele brincou, desejando aliviar a tensão. “Mas eu acho que Chloe e eu vamos ficar complexados logo. O está tão diferente na gente?” ele perguntou, desejando não parecer muito curioso.

Hal franziu a testa. O fato de seu amigo não ver diferença lhe mandou um aviso de alerta. Ele gesticulou na direção de Oliver e falou. “Bem, pra começar, você deixou a Watchtower sem dar um beijo na Chloe. Eu não ouvi a voz dela no nosso comunicador a noite toda, embora eu tenha ouvido uma vez a minha namorada”, ele explicou. “Além disso, tem essa... tensão estranha entre vocês dois que eu nem consigo explicar”, ele disse, confuso.

“Você está tendo pesadelos de novo?” ele perguntou enquanto estudava o rosto de Oliver. “Você está se afastando da Chloe por causa do que aconteceu? Porque parece que isso só fez vocês se aproximarem mais e se tem algum problema agora, você sabe que eu estou aqui, certo?” ele perguntou enquanto colocava a mão no ombro do amigo. “Você pode falar comigo.”

“Eu sei disso”, Oliver disse. Ele sorriu para Hal, agradecido que seu amigo estivesse lá por ele. Era legal saber que as coisas tinham melhorado entre eles no futuro. Ou melhoraria se este fosse o seu futuro. Brainiac disse que havia mais de uma possibilidade. Mas Oliver já tinha decidido que este era o futuro que ele queria e agora só precisava descobrir como fazer isso acontecer.

“Eu não diria que estou tentando me afastar de Chloe. Não existe nada que eu não faria por ela”, ele disse, sabendo que cada palavra era verdade, não importa de que realidade estivessem falando. “Mas sim, talvez as coisas estejam nos atingindo ultimamente. Você acha que isso é estranho?”


Ele estava tentando escolher as palavras cuidadosamente e não deixar Hal perceber que ele não fazia ideia do que tinha acontecido com ele ou que tipo de pesadelos ele estaria tendo. Mas ele queria mais informação e não podia simplesmente perguntar.


Hal se afastou e balançou a cabeça. “Não, eu não acho isso estranho. É difícil”, ele disse baixinho, sua mandíbula travando enquanto lembrava o que tinha acontecido com seu amigo. “Faz só dois meses que tudo aconteceu, cara. Eu ainda fico um pouco surpreso que Chloe deixe você sair de vista. As primeiras semanas depois de ela ter te encontrado e termos trazido você de volta foram difíceis. Ela nem deixava você sair do quarto sem ela.” Hal engoliu em seco.


“Mas é compreensível que você se sinta sufocado e queira um pouco de espaço, embora eu tenha certeza que é mais o fato de você se sentir culpado por tudo”, ele disse enquanto dava um olhar preocupado ao seu amigo. “Oliver, não foi culpa sua. Você não pode controlar o que as outras pessoas fazem e você não fazia ideia que ele ia escapar e vir atrás de Chloe. Nenhum de nós imaginou, nem mesmo Chloe, e ela vigia o sistema como uma águia.” Ele apertou os lábios. “É por causa disso a tensão entre vocês dois?”


Oliver abriu a boca para perguntar a Hal quem tinha vindo atrás de Chloe e imediatamente a fechou. Ele deveria saber a resposta pra essa pergunta. Seu peito apertou ao ponto de mal conseguir respirar. Um de seus inimigos tinha ido atrás de Chloe? O pensamento dela em perigo por causa de alguma coisa que ele tinha feito o assustou. Ele estava tentado a pressionar seu comunicador só pra ouvir a voz dela, mas Oliver se forçou a lembrar que Chloe estava em segurança e nada de fato tinha acontecido com ela.


Ainda. Mas ia acontecer no futuro – deduzindo que este fosse o futuro deles – e ia ser culpa sua. “Que tipo de herói eu sou se não consigo nem manter minha esposa a salvo?” Oliver percebeu um segundo tarde demais que tinha dito as palavras em voz alta. Ele abriu a boca de novo, mas parou. Deduziu que se encaixava no que Hal tinha perguntado sobre a tensão entre os dois.


“Eu não sinto como se Chloe estivesse me sufocando.” Oliver não via nenhuma versão de si mesmo se sentindo desse jeito quando tinha a sorte de Chloe amá-lo. “Eu não quero perdê-la”, ele admitiu embora soubesse que Hal não poderia possivelmente entender o significado dessas palavras. Tecnicamente, Chloe não era dele, nunca tinha sido, mas ele realmente queria que ela fosse.


Hal assentiu. “Eu entendo isso, cara, mas todos nós sabemos que você faria qualquer coisa por Chloe, diabos, você fez”, ele disse, enfatizando as palavras. “Eu só queria que você tivesse esperado”, ele disse baixinho. “Eu sei que você não sabia que Clark já tinha encontra ela e Lois, mas quando eu voltei pra Watchtower, você já tinha se entregado e não havia nada que eu pudesse fazer”, ele falou para o seu amigo. Hal balançou a cabeça, não querendo relembrar tudo. “Desculpe, eu sei que vocês não gostam de falar sobre isso e eu sei que você não me culpa, mas algumas vezes eu me culpo.”


Hal correu a mão pela nuca e olhou para a cidade. “Coisas ruins acontecem, Oliver, elas sempre vão acontecer. Esta é a vida que você e Chloe escolheram. É a vida que todos nós escolhemos. Vocês dois passaram por muita coisa. A quantidade de vezes que sua mulher foi raptada, é impressionante que você não a deixe trancada em algum tipo de esconderijo”, ele brincou, tentando quebrar a tensão. “Vocês estão indo bem, ela te ama. Vocês são uma família”, ele disse, dando um tapinha nas costas de Oliver. “Tenha fé nisso, cara, ninguém jamais disse que as coisas seriam fáceis, mas vocês dois são quem vocês são hoje por causa das experiências que compartilharam.”


As palavras de Hal não estavam ajudando muito a aliviar seu stress, mas Oliver entendia o que ele estava querendo dizer. “Eu sei que passamos por muita coisa e sei que o que importa é que ficamos sempre mais fortes no final.” Ele deu de ombros, tentando fazer de conta que não era grande coisa enquanto sua mente corria.


Ele se perguntou quantas vezes Chloe tinha sido raptada e quantos desses incidentes tinham sido culpa sua. Ele podia ver Hal o observando atentamente e Oliver se forçou a sorrir. “Desculpe, cara, eu sei o quanto você odeia quando eu fico sentimental.” Essa era uma piada recorrente entre os dois antes e imaginou que ainda fosse usada agora.


“Chloe e eu vamos ficar bem e você não deveria se culpar. Nós não culpamos você”, Oliver disse. Isso era algo que ele tinha certeza. Podia ver o quanto Hal se preocupava com ele e Chloe e sabia que ele faria qualquer coisa para protegê-los. “Vamos ter que colocar a culpa nos bandidos. É por causa deles que fazemos isso.” Ele gesticulou entre eles, apontando para os uniformes. “Por falar nisso, acho melhor pararmos com a fofoca e voltar ao trabalho pra podermos ir pra casa.” Ele estava ansioso pra voltar pra Chloe e ver ele mesmo se ela estava bem, embora racionalmente soubesse que não tinha acontecido nada com ela.


Hal o estudou por alguns minutos antes de assentir. “Sabe, eu acho que podemos encerrar a noite. Como eu disse, Clark vai dar uma passada por aqui antes de amanhecer”, ele disse, enquanto dava um tapinha nas costas de Oliver novamente. “O que você acha de voltarmos para a Watchtower? Você ainda me deve as bebidas da semana passada, não pense que eu esqueci”, ele disse enquanto apontava para seu melhor amigo, um sorriso nos lábios enquanto pensava que o comportamento de Oliver era algo sobre o qual ia conversar com Tess.


“Vamos beber”, Oliver concordou. Ele tinha que beber pouco pra não dizer nada que não devesse dizer, mas não era contra a ideia de tomar alguma coisa com Hal. Era bom tê-lo de volta em sua vida. “Eu acho que voltar para a Watchtower é uma boa ideia”, ele acrescentou. “Estou com saudades da minha mulher.” Ele imaginou que não havia razão em fingir depois da conversa que tinham acabado de ter.


Oliver deu um tapinha no ombro de Hal enquanto pegava o arco com a outra mão. “Obrigado por ouvir, cara. Não é a pior coisa do mundo ter você por perto”, ele brincou antes de atirar uma flecha até o mastro de uma bandeira do outro lado da rua. Ele deslizou pela linha, guardando o arco e correndo até o local onde estava sua moto, ansioso pra voltar para Chloe.
13/22



11 comentários:

  1. Uh, a situação está ficando cada vez mais complicada... agora essa de que o Ollie sofreu alguma coisa, coitados... ainda têm que lidar com o que aconteceu antes, o agarra-agarra interrompido... ansiosa pelo próximo capítulo...

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  2. Ahhhhh, adorando o rumo que essa história está tomando, eles estão ficando cada vez mais próximos... quero mais!!!!! :DDDD

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  3. Essa história é simplesmente MARAVILHOSA!!!!!!


    Edicleia

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  4. AMANDO, QUERO MAIS!!!!!!

    Quero ver o reencontro dos dois coisas fofas, e espero sinceramente que eles terminem o que começaram!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Ana Luíza

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    1. Ah, todo mundo esperando né, Ana, maldito timing do Hal e da Tess, rs...

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    2. E que tranquem as portas, elevadores....e janelas, lembrando que Hal voa hehehe

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  5. Apesar de todo o drama, acho que isso vai aproxima-los mais...

    Ansiosa por mais. \o

    GIL

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